Posse de armas no Brasil.


Imagem da internet
A facilitação em se conseguir a posse de armas foi uma das promessas de campanha do nosso atual presidente. Eleito, ele não tardou em colocar em ação os mecanismos para que fosse realizada tal promessa e algumas pessoas já estão se preparando para levar armas para suas casas. Muitos são contra, muitos são a favor e o assunto já gerou muita discussão. E observando todo barulho que tem sido produzido nesses últimos tempos, imagino que se a posse de armas fosse liberada apenas para mulheres com o intuito de permitir que elas se protegessem dos homens agressores, nenhum ruído seria produzido pela sociedade. E isso diz muita coisa, mas é outro assunto.

Existem diferenças entre posse e porte de armas, mas eu acredito que tanto já se falou no assunto que não é necessário citar novamente essas diferenças.

A grande questão é; isso é bom ou ruim? É certo ou errado?
É ruim, mas é certo.

Vamos por partes.
A sociedade tem direito à segurança. Não um direito divino, não um direito natural da espécie, mas um direito constitucional elaborado dentro das diretrizes fundamentais do sistema que nos organiza, que nos dá funções e que exige de cada cidadão uma parcela considerável de seus ganhos. Nós pagamos impostos para que esse direito nos seja possível. Ou seja, a segurança é um dever do estado que é quem administra tudo que pagamos.

Você se sente seguro? Eu não me sinto e todos os dias sou informado do crescimento da violência que já não é combatida efetivamente há muito tempo. E vejo também com frequência as grandes apreensões de armas que não impedem que um número gigantesco de pessoas mal-intencionadas continue armadas para realizar crimes e aumentar ainda mais um cenário de violência equivalente a uma guerra.

Ao mesmo tempo, eu vejo também que existe uma tentativa constante em se manter tal cenário. Há tempos podemos observar dentro da nossa sociedade uma tentativa absurda de minimizar as ações dos sistemas de segurança com o intuito de "valorizar a vida" daqueles que fazem de tudo para destruírem nossa sociedade. O criminoso brasileiro tem muitos direitos, recebe muita ajuda, muita liberdade e conta com muitos recursos. Seja um político corrupto que desvia dinheiro de merenda estudantil ou um assassino que considera a vida de uma pessoa menos importante que um celular, todo criminoso no Brasil é protegido por um sistema que funciona muito melhor do que qualquer outro que possa favorecer as pessoas de bem que trabalham e garantem a continuidade do nosso país.

Se um vagabundo entra na sua casa e você o surpreende com um instinto de defesa quase irracional e bate nele até que ele fique desfigurado, todo machucado, com fraturas e hematomas, você será considerado como um agressor, um indivíduo mau, injusto e covarde por ter espancado um "sujeito cheio de sonhos e indefeso que optou pelo crime por não ser respaldo por uma sociedade injusta e preconceituosa". Haverá alguém clamando os "direitos humanos" e você vai enfrentar duramente a responsabilidade da sua violência contra aquele pobre vagabundo.

Por outro lado, se você age como nos mandam, feito ovelha indefesa que não deve nunca reagir, vai sofrer todo tipo de violência desse mesmo "sujeito sonhador" que percebendo sua fragilidade vai bater, estuprar, ameaçar, roubar e matar sem nenhuma reticência ou consideração. E independente de toda a ação destrutiva que ele cometa, independente de quão violento ele seja, SE ele for preso, receberá recursos da sociedade e direitos como indulto de natal para visitar a família mesmo que por conta do que ele tenha feito, você tenha de visitar sua família no cemitério.

Sobre esse ponto, podemos entender o seguinte: se o Brasil defende mais seus criminosos do que o cidadão de bem, se ao me defender de um sujeito criminoso eu irei enfrentar consequências, ter uma arma em casa e usá-la contra um invasor vai me gerar o mesmo resultado. Isso é certeza. A posse de armas não é uma autorização para matar pessoas. O que pode mudar, e digo apenas que existe a possibilidade e não se trata de uma certeza, é que diferente do que acontece hoje, onde somos uma sociedade indefesa e adestrada para não nos defender e nunca reagir, quem pratica o crime saberá que existe a possibilidade de encontrar o mesmo destino que está disposto a oferecer.

A violência não vai diminuir, mas com certeza o número de invasões vai.

E provavelmente muitos não considerem isso como ponto positivo, mas esses muito provavelmente nunca passaram por uma situação de invasão, nunca tiveram um estranho dentro de suas casas ameaçando, agredindo e traumatizando seus familiares. Esses talvez não saibam o quão destrutivo para uma criança é ver as cenas de um invasor violento dentro do único refúgio que conhecem.

Adicionar mais armas na sociedade é ruim, pois nós brasileiros não encaramos a arma como uma "ferramenta" como fazem outros povos. Nos brasileiros vemos a arma como um utensílio de violência, pois estamos acostumados a ver isso e a ser informados que foi com armas que fizeram o pior. Para o brasileiro a arma é sinônimo de morte.

Mas é o certo a se fazer, pois se existe uma evidente incapacidade do estado de garantir a segurança do cidadão, se é notório que o estado não consegue desarmar o criminoso e se todos os dias, cada dia mais, o cidadão de bem é vítima sem nenhum merecimento, é no mínimo justo que seja permitido uma defesa equivalente a agressão. Não se pode pedir que a sociedade se defenda com escudos de papel contra aqueles que a atacam com chumbo.

É certo permitir que todas as pessoas possuam um produto que existe e é comercial. Afinal, somos regidos por leis e nosso uso indevido de tal produto não será impune. E é certo permitir que o erro aconteça, pois é através do erro que se alcança o entendimento mais profundo de ações cometidas. Mas um erro à custa de uma vida? Sim.

Olhe lá fora, veja a quantidade de pessoas que são exterminadas todos os dias sem nenhuma força que as proteja. O argumento de que uma sociedade armada vai matar mais não faz sentido visto que uma sociedade desarmada apenas morre.

É preciso compreender que criminoso não faz parte da sociedade. Atos criminosos não fazem parte da constituição. Não existem funções criminosas estabelecidas por aquelas diretrizes que nos governam. Quem pratica o crime está fora dos padrões que estabelecem uma vida em sociedade e para a manutenção do sistema que é a sociedade, deveríamos aplicar o mesmo conceito que aplicamos aos controles de praga. Infestação de formigas, cupins, baratas, ratos ou qualquer outra praga que possa destruir a integridade da minha casa e da minha saúde são combatidas sem nenhum repúdio. Nossa sociedade está infestada de criminosos e essa paixão que sentimos pela vida humana não pode se estender aos que veem na sociedade uma casa para destruírem conforme sua fome aniquiladora.

Pessoas boas que tentam fazer do mundo um lugar melhor morrem todos os dias. Pessoas ruins que fazem de tudo para piorar a vida são como pragas e infelizmente criamos tantos modos de defendê-las que não existe mais recuperação apenas com carinho e oportunidades. Não adianta mais fazer uma trilha de grãos de açúcar para levar as formigas pra fora de casa, se elas fizeram o ninho dentro de uma parede, elas vão voltar e vão voltar com alimento, com energia para proliferar.

O excesso cria a necessidade de controle; nós já temos criminosos demais e só é justo valorizar a vida de quem dá valor e não de quem só cobra um preço.

Se a posse de armas não vai diminuir a violência, pelo menos vai permitir que as pessoas se defendam. Que cada um responda por seus atos.

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